Funcionários da Copel em Curitiba paralisam atividades por reajuste salarial

Funcionários da Companhia Paranaense de Energia (Copel) paralisaram parte das atividades da empresa na manhã desta quinta-feira (22), para exigir melhores salários. A decisão pela paralisação por 24 horas foi decidida em assembleias conjuntas entre os 15 sindicatos que representam os funcionários da Copel.

De acordo com a companhia, cuja principal acionista é o Governo Estadual, esta é a primeira greve na empresa nos últimos 23 anos. De acordo com os trabalhadores, a exigência de reajuste é de no mínimo 8,5% do salário, o que significaria ganho real de quase 3%. Contudo, eles reclamam que a proposta da empresa contempla apenas a reposição da inflação do último ano, estimada em 5,58%.

Em Curitiba, os funcionários se reuniram em frente à sede da empresa na Rua Coronel Dulcídio desde as 8h, deixando o trânsito lento na região. De acordo com o presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (Senge), Ulisses Kaniak, que é engenheiro elétrico da Copel, a adesão foi de mais de 70% dos trabalhadores em todo o estado. “A Copel vem sendo muito intransigente. Para a próxima semana está marcada outra paralisação de 48 horas, e se continuar dessa forma, no dia 30 a gente vai reavaliar a situação. Não está descartada uma paralisação por tempo indeterminado”, disse ao G1. A Copel informa que 85% dos seus empregados em todo o Paraná estão trabalhando normalmente .

Entre os argumentos da categoria, está um aumento na fatia de lucro dos acionistas de 25% para 35% nos últimos dois anos, período em que os funcionários não obtiveram aumento real nos vencimentos. No mesmo período, segundo os trabalhadores, os diretores da empresa elevaram os próprios salários em 42,34%, o que desmistificaria o discurso de “cenário desfavorável” apontado pela Copel. “Em um ano em que os trabalhadores tiveram, em média, reajustes de 2,25% acima da inflação, parece que a Copel quer jogar para baixo essa média”, disse Kaniak.





A Copel nega que os diretores tenham recebido o aumento informado. Segundo a empresa, os diretores tiveram reajuste de 7,3% em setembro de 2011, valor igual ao dos demais empregados, além de outro reajuste de 2,78% em fevereiro de 2012. O próximo reajuste está previsto para abril de 2013.

Em entrevista ao G1, a diretora da Copel, Yara Eisenbach, justificou a proposta sem aumento real como consequência do cenário econômico do setor elétrico do Brasil. Segundo a diretora, a expectativa é de queda das receitas em R$ 1 bilhão quando entrar em vigor, em 2013, Medida Provisória que determinou a redução das tarifas de energia elétrica. “Foi um ‘strike’ no setor. Nós concordamos com a redução das tarifas, mas essa conta não pode ser repassa para as companhias elétricas”, questionou.

Yara disse ainda que a conta da proposta de reajuste foi feita antes da MP da redução da tarifa. “Refizemos os cálculos e a proposta deveria ter sido suspensa depois disso, mas nós decidimos honrar o compromisso”, assegurou. Ela ainda cita que foi proposto na assinatura do acordo um abono equivalente a mais dois salários. “Em torno de 50% do quadro da Copel recebe R$ 4 mil por mês, no dia do acordo eles receberiam, mais R$ 8 mil. Dividido por mês, isso daria R$ 600 e um ganho real de 15%”, defendeu.

Ainda segundo a empresa, a proposta oferecida envolve aumento real em outros benefícios que não o vencimento, como o reajuste de 8,2% do auxílio-creche, o reajuste de 9,6% do auxílio-alimentação, o reajuste de 5,95% no auxílio à pessoa com deficiência dependente do empregado, o reajuste de 7,41% no teto do valor do auxílio educação, e uma mudança no divisor de pagamento de banco de horas, que representaria 10% de ganho real.

Por fim, a empresa afirmou que respeita o direito de greve dos trabalhadores, mas que não negocia mais com a categoria. Caso os sindicatos não aceitem a proposta, a Copel deve ajuizar um dissídio para que a decisão seja feita diante da Justiça do Trabalho. A diretora garantiu ainda que nenhum efeito será sentido pelos consumidores de energia elétrica da empresa.

Fonte: G1





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