Pré-natal em Curitiba valoriza participação do pai

Um capítulo especial dedicado à participação do pai no pré-natal e no parto está entre as novidades da quinta edição do protocolo do programa de atenção materno infantil Mãe Curitibana, que está chegando à rede municipal de saúde e também traz um casal grávido na capa. O protocolo é o roteiro elaborado pela Secretaria Municipal da Saúde para padronizar o atendimento prestado pelas equipes das unidades de saúde às gestantes e seus companheiros e, por isso, está sob constante atualização.

O novo protocolo detalha a inserção masculina desde as consultas de rotina, passando pelas oficinas de gestantes com pai presente. Esse processo começou há três anos, no décimo aniversário do Mãe Curitibana. “A participação efetiva do homem que vai ser pai tem muitas vantagens. Ela é vital para dar suporte emocional à gestante, para que ele próprio aprenda sobre o seu papel nesse novo ciclo de vida e também para cuidar da sua saúde, uma vez que ele também poderá ser avaliado, encaminhado para especialistas, se for o caso, e tratado adequadamente”, explica o coordenador do Mãe Curitibana, Edvin Javier Boza Jimenez.

Público difícil – Na prática, a criação de um lugar especial para o homem no pré natal também é um meio encontrado pelos profissionais de saúde para aproximar a figura masculina – até então arredia às abordagens de prevenção e promoção de rotina – do atendimento de rotina oferecido pelas unidades de saúde.

Os homens vivem 8 anos menos que as mulheres e são quem menos comparece às atividades de prevenção e promoção oferecidas naqueles locais. Entre os problemas de saúde masculinos mais comuns e que podem ser prevenidos por meio do acompanhamento clínico regular e da mudança do estilo de vida estão hipertensão arterial, diabete, colesterol alto, câncer, obesidade, depressão, acidentes de trânsito e no trabalho, violência, doenças bucais, do cérebro e do coração. Doenças sexualmente transmissíveis e aids, bem como tuberculose, também são alvo de atenção para os que participam do prénatal.

A população masculina de Curitiba é de 835.115 habitantes, correspondendo a 48% do total. Quase 70% têm menos de 40 anos. A esperança de vida está em torno dos 70 anos contra 78 das mulheres – mais assíduas nos serviços de saúde para consultas, exames e atividades de prevenção e promoção em saúde. Do total de consultas médicas realizadas nas unidades municipais de saúde, menos de 40% são para homens.





Acolhida – O homem começa a participar do processo quando a esposa, namorada ou companheira, ao receber o resultado positivo de gravidez, leva para ele o convite e o folheto sobre o acompanhamento que se inicia. O primeiro compromisso é a consulta conjunta, em que os dois passam por avaliação de rotina – como a medição da pressão arterial do casal.

A primeira consulta é também a oportunidade em que a equipe oferece ao pai a possibilidade de fazer exames para detecção de sífilis e do vírus da aids. Além de preservar a parceira e tratar o homem doente, a meta é prevenir a ocorrência da transmissão vertical (da mãe contaminada para o bebê, na hora do parto).

Igor Francisco Baggio, de 29 anos, conhece bem esse roteiro. Casado com Maressa Tixiliski, de 27, e pai de Isadora, de 7 meses e de outras duas pré-adolescentes, ele não perdeu nenhum consulta na Unidade de Saúde São Pedro, no Xaxim, e entrou na sala de parto da maternidade Mater Dei na hora do nascimento do bebê. “Na época trabalhávamos juntos e isso facilitou muito”, conta Maressa, que é dona de uma loja de locação de artigos para festas.

Solidário e consciente do seu papel para o bem estar familiar, Igor fez questão de posar para a foto da capa do protocolo ao lado da mulher – na ocasião grávida da primeira e única filha dela. “Eu teria mais filhos mas, juntos, já temos três crianças. Então fica difícil”, argumenta Maressa. Por conta dessa decisão compartilhada, Igor se submeteu a uma vasectomia, também na rede municipal de saúde, logo após o nascimento da filha.

Oportunidades – Além das consultas e dos exames, o pai pode acompanhar a gestante na visita à maternidade em que o bebê vai nascer e participar das oficinas – oportunidade em que aprende a cuidar do bebê e, assim, dividir a tarefa com a mãe.

Técnicas para dar banho e fazer a higiene bucal da criança, a importância da vacinação, quando e como introduzir alimentação sólida depois dos seis meses, a hora de ir para a maternidade, como prevenir e adiar uma nova gravidez são alguns dos assuntos abordados pelos profissionais de saúde nesses encontros. Para facilitar o acesso dos casais, as reuniões são preferencialmente realizadas à noite ou aos sábados. São as mesmas dicas contidas, de modo conciso, na Caderneta de Saúde da Gestante.

O espaço para a participação do pai também é garantido na maternidade – seja na hora que antecede o parto, durante a preparação ou do nascimento. As seis maternidades de Curitiba que atendem gestantes da rede pública de saúde estão em condições e devem receber os acompanhantes. A leis federais 11.108/2005 e 8080/1990, bem como a portaria 2418/2005 do Ministério da Saúde e lei estadual 14.254/2003 garantem esse direito.

Fonte: Prefeitura Municipal de Curitiba





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